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tempestades, carbono e raízes
Furacões mais fortes, energia “limpa” a gás e uma floresta que tenta se reerguer. Um planeta em busca de equilíbrio entre o que perdeu e o que ainda pode reconstruir
O que você vai ler hoje:
- Furacões com “turbo climático”
- O gás (quase) limpo da Google
- Mata Atlântica mostra sinais de recuperação
Furacões com “turbo climático”: como o aquecimento global está mudando as tempestades
MUNDO E MEIO AMBIENTE

Fonte: Veja
Os efeitos das nossas escolhas sobre o clima estão cada vez mais visíveis. O furacão Melissa, que atinge neste momento a Jamaica e parte do Caribe, mostrou como o aquecimento global vem alterando o comportamento das tempestades, que agora evoluem com mais força e menos previsibilidade.
Com o Atlântico operando até 3 °C acima da média, as águas quentes funcionam como combustível para sistemas tropicais. Essa combinação permite que tempestades ganhem intensidade em poucas horas, deixando menos tempo para que comunidades costeiras se preparem.
A Jamaica, um dos países mais afetados por eventos climáticos na região, registrou mais de 30 desastres naturais nas últimas quatro décadas, sendo a maioria deles tempestades e inundações, de acordo com dados do Climate Knowledge Portal (World Bank / EM-DAT). O número reforça a vulnerabilidade da ilha diante do aumento da temperatura dos oceanos.

Fonte: climateknowledgeportal.worldbank
Pesquisadores alertam que o fenômeno não é isolado. O aumento do calor no mar tem provocado mudanças na rota, duração e força dos furacões, tornando a previsão meteorológica mais desafiadora e exigindo planos de adaptação mais robustos.
O padrão observado em Melissa pode se repetir com maior frequência nas próximas décadas, o que reforça a urgência em reduzir emissões e fortalecer a infraestrutura das regiões costeiras.
O gás (quase) limpo da Google
TECNOLOGIA E ENERGIA

Fonte: Trellis
A transição energética nem sempre é linear. E a nova aposta da Google mostra isso com clareza. A empresa anunciou o financiamento de uma usina a gás natural equipada com tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) nos Estados Unidos, uma proposta que busca equilibrar confiabilidade energética e redução de emissões.
Localizado em Decatur, Illinois, o projeto da Broadwing Energy terá capacidade de cerca de 400 megawatts e promete capturar até 90% do CO₂ gerado durante a queima de gás. A energia será direcionada principalmente aos data centers da Google no meio-oeste americano, em um esforço para garantir fornecimento contínuo à medida que a empresa amplia suas operações e metas de descarbonização.
A iniciativa integra o portfólio de soluções energéticas da Big Tech, que já inclui fontes geotérmicas, nucleares avançadas e armazenamento de energia. A ideia é diversificar a matriz enquanto reduz a pegada de carbono das operações digitais, que crescem rapidamente com o avanço da inteligência artificial.
Mas o projeto também reacende um debate importante. Apostar em gás natural, mesmo com captura de carbono, é um passo à frente ou apenas uma forma de adiar o fim dos combustíveis fósseis? Especialistas apontam que, embora o CCS seja promissor, ainda enfrenta altos custos, limitações tecnológicas e riscos de vazamento durante o armazenamento.
A Google defende que a medida faz parte de uma transição pragmática: combinar inovação com infraestrutura já existente para acelerar a redução de emissões. Ao mesmo tempo, críticos afirmam que a dependência contínua de gás natural contradiz os compromissos globais de neutralidade climática.
Enquanto isso, o mundo observa, dividido entre ver a iniciativa como um avanço técnico ou uma contradição verde em plena corrida pela descarbonização global.
Mata Atlântica mostra sinais de recuperação
BRASIL

Fonte: Um Só planeta
A recuperação da Mata Atlântica é possível, e os números mostram isso. Segundo o levantamento do MapBiomas, o bioma vive um momento de estabilidade frágil após quase quarenta anos de monitoramento por satélite.
Entre 1985 e 2024, a cobertura florestal da Mata Atlântica passou por períodos de perda e regeneração, mas nos últimos anos apresentou equilíbrio entre desmatamento e recomposição. A regeneração natural e as ações de restauração têm ajudado a conter a destruição, especialmente em áreas antes degradadas.
Estados com maior proporção de vegetação nativa (2024)
Santa Catarina (45%)
Rio Grande do Sul (40%)
Bahia (39%)
Em contrapartida, regiões como Bahia, Minas Gerais e São Paulo ainda sofrem forte pressão da agropecuária e da expansão urbana, o que mantém o bioma em uma situação de alerta.
A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta e abriga a maior parte da população brasileira. Para o MapBiomas, transformar a atual estabilidade em um ciclo de recuperação duradouro depende da manutenção dos esforços de restauração e monitoramento.
O estudo mostra que ainda é possível reverter o cenário de degradação. A floresta tem capacidade de regenerar, mas isso exige ação contínua, vontade política e engajamento coletivo. O importante agora é agir para que a estabilidade de hoje se transforme em recuperação real amanhã.